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Presidente designado da COP28 pede grande impulso ao financiamento público e privado do clima para as nações africanas

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SHARM EL SHEIK, 23 de maio de 2023 (WAM) - Dr. Sultan bin Ahmed Al Jaber, ministro da Indústria e Tecnologia Avançada e presidente designado da COP28, pediu um grande impulso ao financiamento público e privado para permitir que o continente africano combata as mudanças climáticas. Em um discurso na Reunião Anual do Banco Africano de Desenvolvimento, ele disse que a África tem um enorme potencial para o crescimento de baixo carbono e o desenvolvimento sustentável. “Mas há um desafio crítico em seu caminho, que é a falta de financiamento disponível, acessível e econômico. E essa falta de financiamento está colocando em risco as metas climáticas mundiais e o desenvolvimento sustentável da África”, alertou.

Dr. Al Jaber destacou que quando se trata de energia renovável, apenas 2% dos US$ 3 trilhões investidos em todo o mundo nos últimos vinte anos chegaram à África. “Se pudermos mudar o equilíbrio do financiamento climático para a África, acredito que este continente pode se tornar uma força determinante no crescimento sustentável de baixo carbono”, continuou.

Como primeiro passo para fechar essa lacuna de financiamento, Dr. Al Jaber pediu às nações desenvolvidas que assumam suas responsabilidades históricas e cumpram os US$ 100 bilhões em financiamento climático que prometeram há mais de uma década. "O fato de não terem feito isso minou a confiança no processo multilateral, que precisa ser restaurada", afirmou Dr. Al Jaber, que declarou que há sinais encorajadores vindos dos países doadores nesse assunto e que ele espera que sejam seguidos em breve por ações concretas.

Os 54 países da África foram os que menos contribuíram para as mudanças climáticas, observou Dr. Al Jaber, contribuindo com menos de 4% das emissões globais. No entanto, eles estão sofrendo algumas das piores consequências: Mais de 700 milhões de hectares de terras agrícolas em todo o continente estão atualmente degradadas - uma área duas vezes maior que a da Índia. E a África está perdendo mais quatro milhões a cada ano. Ao mesmo tempo, as secas e a fome estão afetando vidas e meios de subsistência, forçando a migração e minando a biodiversidade da qual os africanos dependem para sua subsistência. Ao mesmo tempo, mais de 600 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade e quase um bilhão não tem acesso a combustível limpo para cozinhar.

Mas para alcançar o progresso transformacional necessário, Dr. Al Jaber acrescentou que o fluxo de capital privado precisa ser mobilizado. Para isso, é necessária uma reforma fundamental das Instituições Financeiras Internacionais e dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento para liberar muito mais financiamento concessional, reduzindo o risco e atraindo capital privado. "A COP28 está explorando mecanismos adicionais para aumentar o fluxo de financiamento privado para a África", disse ele. “E, ao adotar políticas e regulamentações que criem um clima de investimento favorável para o setor privado, os governos africanos podem construir um pipeline robusto de investimentos sustentáveis", disse. Falou ainda que “se falharmos em oferecer um financiamento climático eficaz para a África, muitos países não terão escolha a não ser seguir um caminho de desenvolvimento com alto teor de carbono. E isso não é do interesse de ninguém.”

Embora a mitigação das mudanças climáticas seja importante, observou Dr. Al Jaber, a lacuna no financiamento da adaptação também é grande. "Os países doadores precisam dobrar seu compromisso com o financiamento da adaptação até 2025", defendeu.

Dr. Al Jaber concluiu dizendo: “Há um grande potencial para a África dar o exemplo de desenvolvimento sustentável de baixo carbono e alto crescimento. Em vez de se tornar um depósito de lixo para velhas tecnologias, a África pode emergir como um centro de energias renováveis e um motor de crescimento limpo para o mundo. O financiamento é a chave para transformar boas intenções em resultados reais”.

Por isso, adicionou que todos os países e todas as partes interessadas são necessárias. “O enfrentamento das mudanças climáticas é mais do que um conjunto de números. É mais do que o cumprimento de metas. Tem a ver com as pessoas, que merecem um futuro melhor para suas famílias. A entrega de financiamento climático eficaz para a África ajudará a África a se desenvolver. Ajudará a colocar o mundo de volta no caminho certo para atingir as metas do Acordo de Paris. E possibilitará uma transição energética que não deixará ninguém para trás”, arrematou.

NADIA ALLIM

https://wam.ae/en/details/1395303161261

Nadia Allim/ P.