Sábado 10 Junho 2023 - 6:27:54 pm

EAU anuncia fundo para apoiar projetos de restauro e reabilitação do patrimônio mundial na África

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ABU DHABI, 25 de maio de 2023 (WAM) -- Os Emirados Árabes Unidos, representados pelo Ministério da Cultura e da Juventude e pelo Ministério das Relações Exteriores, anunciaram um fundo para apoiar o patrimônio mundial, a conservação de documentos e iniciativas de capacitação em vários locais na África.

O fundo será lançado em colaboração com a Aliança Internacional para a Proteção do Patrimônio em Áreas de Conflito (ALIPH, na sigla em inglês) e o Fundo Africano do Patrimônio Mundial (AWHF). O anúncio foi feito durante um evento realizado pelo Grupo África na sede da UNESCO na capital francesa, Paris, coincidindo com as celebrações do Dia de África, em 25 de Maio, e da Semana de África.

O evento contou com a presença de Salem bin Khalid Al Qassimi, ministro da Cultura e da Juventude, Firmin Edouard Matoko, diretor-geral adjunto para a Prioridade África e Relações Externas da UNESCO, Souayibou Varissou, diretor-executivo do Fundo Africano do Patrimônio Mundial, e Valéry Freland, diretor-executivo da Aliança Internacional para a Proteção do Patrimônio em Áreas de Conflito (ALIPH).

O Ministério da Cultura e da Juventude representará os Emirados Árabes Unidos e se tornará um Parceiro Platinum do Fundo Africano para o Patrimônio Mundial, uma organização intergovernamental criada em 2006 pela União Africana e pela UNESCO para apoiar a conservação e a proteção eficazes do patrimônio cultural e natural na África.

O principal objetivo do AWHF é abordar os desafios enfrentados pelos Estados Partes africanos na implementação da Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO de 1972, especificamente a sub-representação dos sítios africanos na Lista do Patrimônio Mundial e a conservação e gestão desses sítios.

As contribuições dos EAU também visam reforçar as capacidades das comunidades locais, enquanto a ALIPH, que os EAU co-fundaram em 2017 em colaboração com a França, implementará três projetos no Sudão, na República Democrática do Congo e na Etiópia.

Em declaração, Salem bin Khalid Al Qassimi lembrou que “nos Emirados Árabes Unidos, estamos comprometidos com a conservação do patrimônio humano em todas as suas formas e com o fortalecimento de parcerias com organizações internacionais que trabalham ativamente nesse campo, por acreditarmos na importância de preservar esse patrimônio para as gerações futuras e no papel que ele desempenha.” Acrescentou que o patrimônio desempenha um papel significativo no diálogo intercultural, pois aumenta a diversidade, a tolerância, a coexistência e a paz nas sociedades.

O ministro ainda ressaltou que o trabalho de preservação do patrimônio na África é de particular importância, devido ao significado cultural do continente e ao enorme patrimônio civilizacional, que representa uma parte importante da história e da cultura humanas. Segundo Salem, os esforços de conservação do patrimônio podem causar um forte impacto socioeconômico e levar ao desenvolvimento sustentável com a participação da comunidade local, capacitando seus membros e desempenhando um papel ativo com benefícios tangíveis, além de promover o turismo. São esses objetivos holísticos que os Emirados Árabes Unidos pretendem alcançar por meio desses projetos, enfatizou. “Por meio desses esforços, queremos ir além dos projetos e operações de conservação e restauração na África. Buscamos tornar esses projetos sustentáveis, contribuir para o desenvolvimento de capacidades e criar oportunidades de trabalho para a comunidade local, além de envolvê-la em todos esses projetos”, declarou.

Al Qassimi também enfatizou que entre os motivos mais importantes para os EAU implementarem esse projeto neste momento está o impacto das mudanças climáticas sobre o patrimônio tangível e intangível na África. O lançamento do fundo também coincide com a declaração dos Emirados Árabes Unidos de 2023 como o "Ano da Sustentabilidade" e com o fato de o país sediar a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) em novembro deste ano, um evento que incluirá palestras sobre mudança climática e seu impacto na cultura e na sociedade.

Os EAU também implementaram anteriormente projetos para apoiar o patrimônio tangível e intangível na África. Em novembro de 2022, o Ministério da Cultura e da Juventude, por meio da Comissão Nacional de Educação, Cultura e Ciência dos Emirados Árabes Unidos, assinou um acordo com a Organização Islâmica Mundial para a Educação, a Ciência e a Cultura (ICESCO) para inscrever jogos do patrimônio africano nas Listas Representativas do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da ICESCO e da UNESCO. Além disso, em janeiro de 2023, o Ministério e a Organização Educacional, Cultural e Científica da Liga Árabe (ALECSO) assinaram um acordo para apoiar os países árabes na África a enviar arquivos conjuntos para inscrição na mesma lista.

Na ocasião, Shakhboot bin Nahyan Al Nahyan, ministro de Estado do Ministério das Relações Exteriores, lembrou que a visão do país incorpora uma determinação resoluta de capacitar as comunidades locais, inspirar inovações e estabelecer oportunidades sustentáveis que moldarão as gerações futuras. "Ao fazer isso, não apenas fortalecemos a estrutura da identidade cultural, mas também impulsionamos o desenvolvimento social e econômico, promovendo um ambiente de coexistência pacífica", disse.

Dr. Thomas Kaplan, presidente do Conselho de Administração da Fundação ALIPH, salientou que os Emirados Árabes Unidos, membro co-fundador - têm sido um defensor da missão da Fundação desde o início, há cerca de seis anos. “A ambiciosa parceria que hoje iniciamos com o Salem bin Khalid Al Qassimi e o Ministério da Cultura e da Juventude dos EAU constitui uma poderosa reafirmação do forte apoio do país à nova forma de multilateralismo que a ALIPH encarna - uma que enfatiza a acção concreta, resultados tangíveis e flexibilidade operacional”, lembrou. Afirmou ainda que os nossos esforços conjuntos também destacam a urgência absoluta de proteger o rico e diversificado patrimônio cultural do continente africano, ao mesmo tempo que lideram a tarefa de proteger sítios e monumentos no Sudão, na Etiópia e na República Democrática do Congo face às ameaças duplas de conflito e alterações climáticas.

Segundo Souayibou Varissou, “o inestimável apoio do governo dos Emirados Árabes Unidos aumentará nossa capacidade de causar um impacto de longo prazo na inscrição de locais africanos na Lista do Patrimônio Mundial e na conservação e gerenciamento desses locais como um ativo para o crescimento sustentável das comunidades locais.”

Esses projetos serão implementados em cooperação com os governos locais, juntamente com parceiros locais e internacionais. Um dos projetos que se beneficiará da iniciativa é a restauração do Inventário do Patrimônio Cultural Nacional da República Democrática do Congo (RDC). O trabalho de restauração desse projeto está sendo realizado em duas fases. A primeira fase já foi concluída e foi concedida pela ALIPH com o apoio do Ministério da Cultura e da Juventude dos Emirados Árabes Unidos, com a ajuda do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS).

Até o momento, o projeto treinou 29 especialistas de instituições relevantes da RDC na área de documentação e preparação de inventário. A segunda fase do projeto está programada para começar em 2024. Uma parte significativa do fundo será alocada para revitalizar uma das mais antigas mesquitas sudanesas preservadas em Dongola, que foi incluída na Lista Provisória de Patrimônio Mundial da UNESCO.

Esse projeto foi realizado pela Universidade de Varsóvia, juntamente com o Centro Polonês de Arqueologia Mediterrânea (PCMA), em parceria com a Corporação Nacional de Antiguidades e Museus (NCAM). Os trabalhos urgentes de conservação da Mesquita de Dongola começaram no início deste ano e continuarão por três anos. O projeto também oferece oportunidades de treinamento no local de trabalho para especialistas sudaneses, criando 60 empregos para os moradores da cidade.
Um dos projetos mais significativos do programa atual será a restauração da Igreja Yemrehana Krestos, na Etiópia, considerada um dos locais mais simbólicos do país, na região de Amhara. Ela abrange um palácio e uma igreja que datam dos séculos XI e XII.

NADIA ALLIM

https://wam.ae/en/details/1395303162144

Nadia Allim/ P.